Oh Lord, I'm still not sure what I stand for
What do I stand for?
-Fun.
Há um quarto de século, eu estava experimentando o
mundo pela primeira vez. Viver costumava ser seguro, sereno e com algum
conforto. Até me deixei deslumbrar pelos contos de fadas que me enfiavam goela
abaixo na infância [mas isso é pauta para outro assunto]. Eu era a café-com-leite num jogo amistoso, então
não precisava me preocupar em ganhar ou perder, eu simplesmente não ganhava nem
perdia. Eu, no meu canto, do meu jeito, era o centro do mundo até ele se virar
contra mim. Tropecei, escorreguei, cai. Ainda acho que fui protegida demais.
Deram-me pouca noção das atrocidades que poderia
encontrar pelo caminho, não me avisaram que eu estaria sempre rodeada por
malícia e confusão, esqueceram de me informar que as relações são tão frágeis
quanto papel e que tudo isso se acumula automaticamente no fundo do bolso.
Eu já tive todas as certezas a minha frente e
depois as perdi, eu já tive muitas oportunidades jogadas como buquê, mas não
compareci à festa. Eu tento não parecer ingrata, mas a minha fé leva ranhuras
cada vez mais densas. Cadê o bonde que não vem? É para ficar aqui olhando toda
a gente passar e ultrapassar? O meu tempo também tá passando, e aí?
Nunca pensei em seguir a pé, mas dar o primeiro passo é tudo o que me resta agora. Porque cansei de fugir da vida para me proteger, não quero mais fechar os olhos se meus sonhos estão lá fora esperando que eu levante e lute por eles. Às vezes, tudo o que se precisa é largar medos, apegos e encarar. Desistir não é mais opção. Eu sei que minha coragem está reclusa em algum cômodo da casa e já está na hora de arejar os espaços. Meta. Foco. Persistência. Não é assim que funciona?
Nunca pensei em seguir a pé, mas dar o primeiro passo é tudo o que me resta agora. Porque cansei de fugir da vida para me proteger, não quero mais fechar os olhos se meus sonhos estão lá fora esperando que eu levante e lute por eles. Às vezes, tudo o que se precisa é largar medos, apegos e encarar. Desistir não é mais opção. Eu sei que minha coragem está reclusa em algum cômodo da casa e já está na hora de arejar os espaços. Meta. Foco. Persistência. Não é assim que funciona?
Reconhecer a necessidade de se salvar sozinho é a
última saída quando todas as outras se esgotam. Viver de autocomiseração,
maldizer o universo e se fazer de vítima para tudo que dá errado é puramente
escolher anular o escore, é preferir ficar no banco de reserva enquanto observa
os outros jogadores fazerem história. Mesmo que eu me lance em mar aberto, decido me perder nas tempestades a ser mais um grão de areia consumida
pela covardia. Acho que não importa o meio que defino para ir, contanto que eu
siga.
Hoje, como um dia de cada vez, deixo a chuva nos meus olhos florescer o meu sorriso em gotas de esperança.
f.