A gente nunca imaginaria que
aquela seria a última vez que nos veríamos. E como seria possível? Não é pra
compreender. A vida acontece e ponto. Sua antagonista, também. Pode correr em
ciclo, ou pode seguir em linha reta (você elege a opção que te convém
acreditar). A verdade é que ninguém ta preparado, a gente nota ao chorar pelas pessoas
que menos se espera. Simples demais. Triste demais.
A gente não viveu muitas coisas e
não disse muitas coisas um ao outro. Mas eu me lembro de algumas micaretas,
copas e réveillons, e sei que você levava o sorriso para onde quer que fosse e
o dividia sem quaisquer restrições.
Outro dia o vizinho da frente
também foi embora, por escolha própria, sabe. É claro que sabe. Mas, fico
pensando, se tivesse como, você teria ficado? É que ta feio demais por aqui,
não é? Todo mundo deixando todo mundo. Mas as pessoas ainda valem a pena no
meio desse caos.
O que passa rápido de mais, de
repente, ganha uma importância gritante, e a gente nota o quanto o tempo é
insuficiente. Se a gente deixa de ser egoísta, fica mais fácil aceitar as decisões
do destino. Só que sempre fica aquela pedrinha incomodando, afinal não haverá
mais encontros ao acaso ou acenos de até breve. A partir de agora tudo vai
estar um pouco diferente. Então não adianta mais olhar pro lado e esperar você
aparecer na calçada, sempre vestido de alegria, certo?
É. Ainda tô assimilando esses
últimos acontecimentos e juro que não vou te julgar por ter se afastado. É que
ver as pessoas indo embora desse jeito, irreversível, é estranho e é assustador.
Porque chegará um dia, eu vou acordar e perceber que já não recordo tão bem do
som da sua voz ou das suas expressões. Mas ninguém tem noção da falta que o
outro pode fazer. Até fazer. E faz.
f.
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