f.
27 de fev. de 2011
Porque não dá pra ser feliz e demonstrar
25 de fev. de 2011
são só pedras
Tinha umas pedrinhas no meio da estrada e elas nos forçaram a parar, uma interrupção involuntária, daquelas que não dá pra acreditar quando acontece de tão chocante e inesperada. A sensação era de fim. Havíamos chegado até ali, mas de um segundo pra outro a situação se invertera. O balão tinha escapado das nossas mãos, contudo corremos atrás dele em vez de ficar só olhando, chorando e lamentando. E foi a atitude mais corajosa e correta que tomamos. Porque embora estivéssemos machucados, pedra nenhuma nos fez sair do caminho e desistir. Então continuamos. E fizemos isso tantas outras vezes, mesmo quando não parecia possível...
f.
20 de fev. de 2011
Igual a todo mundo
Eu sempre estive tão longe dessas coisas que acontecem com todo mundo, de parecer com todo mundo. Como alguém invencível, alguém inalcançável, a minha razão sempre me protegeu de sofrer mais que devia. Aí vem você, me afasta da sanidade, me tira o fôlego, parte meu coração e finge que não fez nada disso. Agora, eu tô mais igual a todo mundo; as mesmas rugas e cicatrizes. Os mesmos versos, as mesmas rimas. Um pouco mais frágil, mais humana. Um tanto mais forte também. E portanto, menos sozinha.
f.
E se você tem a capacidade de amar
mas esteja sempre alerta para a possibilidade de uma
derrota total
mesmo que a razão para essa derrota
pareça certa ou errada -
[Como Ser Um Grande Escritor - O Amor É Um Cão Dos Diabos]
Charles Bukowski
Guardado em:
Amor,
Charles Bukowski,
Livro,
Pensamento alheio
7 de fev. de 2011
"[...] e tudo que eu andava fazendo e sendo eu não queria que ele visse nem soubesse, mas depois de pensar isso me deu um desgosto porque fui percebendo, por dentro da chuva, que talvez eu não quisesse que ele soubesse que eu era eu, e eu era. Começou a acontecer uma coisa confusa na minha cabeça, essa história de não querer que ele soubesse que eu era eu, encharcado naquela chuva toda que caía, caía, caía e tive vontade de voltar para algum lugar seco e quente, se houvesse, e não lembrava de nenhum, ou parar para sempre ali mesmo naquela esquina cinzenta que eu tentava atravessar sem conseguir, os carros me jogando água e lama ao passar, mas eu não podia, ou podia mas não devia, ou podia mas não queria ou não sabia mais como se parava ou voltava atrás, eu tinha que continuar indo ao encontro dele, que me abriria a porta, o sax gemido ao fundo e quem sabe uma lareira, pinhões, vinho quente com cravo e canela, essas coisas do inverno, e mais ainda, eu precisava deter a vontade de voltar atrás ou ficar parado, pois tem um ponto, eu descobria, em que você perde o comando das próprias pernas, não é bem assim, descoberta tortuosa que o frio e a chuva não me deixavam mastigar direito, eu apenas começava a saber que tem um ponto, e eu dividido querendo ver o depois do ponto e também aquele agradável dele me esperando quente e pronto."
[Além Do Ponto - Morangos Mofados]
Caio Fernando Abreu