11 de abr. de 2012

Ciclos



Assumo minha incapacidade de correr adiante sem intensidade. Eu sou corpo, mas acima disso me preencho na alma. E por ser alma me alimento de sensações. Portanto, sem o devido estímulo o coração está apto a perder o alento com facilidade. É como as peças de um quebra-cabeça que simplesmente não se encaixam senão em seus próprios espaços. É como certas verdades que pelo caráter ferem, pelo desígnio destroçam. E não adianta recorrer a mentiras. Elas não curam, não aliviam, nem mudam os fatos.

Algumas coisas não fazem sentido, acho pior quando outras perdem o significado, porque é frustrante chegar até metade de uma jornada sem entusiasmo e convicção. Daí as exceções viram regras, os paradoxos se encerram e o vigor se contrai para o novo. Algumas pessoas são de insistir, no entanto, há quem desista e pronto. Mas desistir não é sinônimo de perder. Desistir também envolve abdicar do par de sapatos favorito por não caber mais em seus pés. É simples, porém exige algum desapego.

As expectativas estão sujeitas a minguarem até o ponto de se tornarem um elemento neutro na equação. Em casos menos extremos, o processo se manifesta de tal forma que, como brincadeira de criança, você só precisa de um intervalo para respirar e voltar a correr. Daí a idéia de “dar um tempo”. Serve para recuperar energias, redefinir prioridades, examinar escolhas e tecer novas estratégias. Só não aconselho usar o padrão em relacionamentos. Geralmente os efeitos são escassos e é inútil marcar no calendário um feriado que cai no domingo.

Das fases que nos lançam ao movimento, tem sempre aquelas que se alternam em períodos, as que se tornam pontos reticentes e outras que se aniquilam no fim. Funciona mais ou menos como a vírgula, as reticências e o ponto final em um texto. Soa medíocre se obrigar a qualquer tipo de atividade mecânica a qual não inspira nenhum tipo de satisfação e atrasa em todas as nuances as aspirações para quais jogamos nossas perspectivas. É preciso juntar a oportunidade com a vontade de fazer. Não é papel de ninguém agir feito marionete e é tentando soltar os fios que se chega a algum lugar. Mesmo que se leve uma vida inteira para encontrá-lo.

f.

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