Usar sua
apatia para me provocar, eu te garanto, meu bem, é tolo e é detestável. Apontar
constantemente tudo que não gosto em mim, mesmo afirmando o quanto adora cada
falha, soa, no mínimo, impensado - é que eu já convivo de mais com cada uma. E
negligenciar cada pequena promessa rotineira por motivos menores, querido,
parece tão vil, e insensato, e decepcionante... Mas sua falta de sensibilidade
não me tenta arrependimentos ou recuos. Seu despreparo para relacionamentos não
me desvia a percepção que você já me ensina muito. Ensina porque não é só idade
ou experiência que fazem o cara maduro. Às vezes você só conta com intuição e
vontade de acertar e se acertar. Só que deixar as coisas sempre perfeitas só
funciona no comecinho, sabe, quando a gente acha que tudo é fábula porque
encontrou a pessoa da vida. Depois o faz de conta se dissolve na rotina.
Depois, fica mais raro acreditar em faz de conta. E cada vez mais difícil
abraçar os contrastes, e tocar as certezas. E com você, meu bem, eu tenho
aprendido que o conto-de-fadas-nosso-de-cada-dia está nessa imperfeição, nesse
jeito principiante de experimentar o universo. Porque é uma delícia encontrar o
final feliz depois de um desentendimento bobo, e a gente pode colecionar
muitos, né, finais felizes, todos os dias?! E você está certíssimo quando pede
para eu não te comparar a ninguém, você é sempre um pouco mais do que eu espero e isso, às vezes, até me faz sentir banal, porque eu queria mesmo gostar
de pirar nos shows com você, e ser amiga dos seus amigos, e não me importar
tanto com demonstrações públicas de afeto, e deixar você orgulhoso de mim e de
nós. Enquanto eu faço esforço para não me sentir tão dependente, eu chego à
conclusão que não há como voltar a ser quem se era, mas por você, eu não
preciso abandonar minhas neuroses e outras paranóias de infância. Você consegue
aceitar meu lado sombrio e isso já é um incentivo. Mesmo nos estranhando por
alguns segundos ao dia, a gente ainda se enxerga como espelho do outro e somos,
de fato, esses dois orgulhosos-donos-da-razão-que-combinam-até-nos-defeitos. Isso
é tão realidade que me sinto na obrigação de agradecer todas as manhãs pelo
encanto não acabar à meia noite. E, caso não sejamos felizes para sempre, amor,
podemos ser felizes enquanto der. Sempre.
f.
Ai meu Deus! Fer que texto lindo, você descreveu o amor tão real-e-doce que me deu vontade de suspirar corações. Sério. Lindo, lindo.
ResponderExcluir"E com você, meu bem, eu tenho aprendido que o conto-de-fadas-nosso-de-cada-dia está nessa imperfeição"
E, ah, não esqueça de mostrar esse texto pra ele! rs
Obrigada, Gabriela!!! Que bom que gostou! Ele não falou muito, mas disse que gostou... faltou um pouco de entusiasmo rsrs
ExcluirAcho que é a primeira vez que venho no seu blog, e pelo jeito da sua escrita, pelos tipos de texto, já posso dizer que adorei e me encontrei bastante por aqui. Linda a forma como expõe o afeto pelo imperfeito! Sou adepta, acho que imperfeições acabam se completando de alguma forma. E depois de uma briga, nada melhor que mais um final feliz, né? Nessa brincadeira, a gente acaba por acumular um monte, e aí nos damos conta que mesmo com os problemas ou diferenças, quando o amor é o mais importante para ambos, nada consegue por um fim.
ResponderExcluir''Porque é uma delícia encontrar o final feliz depois de um desentendimento bobo, e a gente pode colecionar muitos, né, finais felizes, todos os dias?!''
Lindo!
Um beijo! Amei DEMAIS tudo por aqui.
Um problema ou outro, um defeito ou outro, acho que são essenciais, né! É bem por aí...
ExcluirFico feliz que tenha gostado do blog! Seja bem vinda, Emi!
há felicidade sempre, mesmo que não seja o tempo todo. Lindo seu texto, de verdade!
ResponderExcluirObrigada, Malú! =]
ExcluirFaz-de-conta diário é bem melhor do que as rotinas de trágicas histórias de amor que têm um final feliz. E imperfeição não é senão o diferencial do amor que encontramos no meio desse vasto mar.
ResponderExcluirParabéns, Fer. :**
Isso aí, Jaq!
ExcluirEu também!!! É bem melhor...rsrs...gostei do seu texto!
ResponderExcluir[]s
Que bom, Rafael!
ExcluirAmar é imperfeito, Fer. Amar é fora do tom, fora do ritmo, fora de foco. Tudo que é certinho demais, na linha demais, ajeitado demais acaba por se tornar monótono.
ResponderExcluirQue continue desse jeitinho.
PS: Adorei!
Beijinhos.
Desse jeito, MF!!! Adorei o "PS"! rs
Excluir=]
Postagem nova cadê, dona Fer? haha quero mais.
ResponderExcluirO mais rápido possível! Tô providenciando! rs Me espera!
Excluir=]
que coisa bonita, Fer. eu acho que é bem isso, as coisas perfeitas só existem mesmo no comecinho. ou pelo menos da maneira que se costuma rotular a perfeição... ou vai dizer que esse amor gostoso que você descreveu não é perfeito, até que cheio de imperfeições?
ResponderExcluiramor sem defeito não é amor, é ilusão.
beijoca