28 de jul. de 2012

Resoluções de meia-idade precoce

Oh Lord, I'm still not sure what I stand for 
What do I stand for? 
-Fun.


Há um quarto de século, eu estava experimentando o mundo pela primeira vez. Viver costumava ser seguro, sereno e com algum conforto. Até me deixei deslumbrar pelos contos de fadas que me enfiavam goela abaixo na infância [mas isso é pauta para outro assunto]. Eu era a café-com-leite num jogo amistoso, então não precisava me preocupar em ganhar ou perder, eu simplesmente não ganhava nem perdia. Eu, no meu canto, do meu jeito, era o centro do mundo até ele se virar contra mim. Tropecei, escorreguei, cai. Ainda acho que fui protegida demais.

Deram-me pouca noção das atrocidades que poderia encontrar pelo caminho, não me avisaram que eu estaria sempre rodeada por malícia e confusão, esqueceram de me informar que as relações são tão frágeis quanto papel e que tudo isso se acumula automaticamente no fundo do bolso.

Eu já tive todas as certezas a minha frente e depois as perdi, eu já tive muitas oportunidades jogadas como buquê, mas não compareci à festa. Eu tento não parecer ingrata, mas a minha fé leva ranhuras cada vez mais densas. Cadê o bonde que não vem? É para ficar aqui olhando toda a gente passar e ultrapassar? O meu tempo também tá passando, e aí?

Nunca pensei em seguir a pé, mas dar o primeiro passo é tudo o que me resta agora. Porque cansei de fugir da vida para me proteger, não quero mais fechar os olhos se meus sonhos estão lá fora esperando que eu levante e lute por eles. Às vezes, tudo o que se precisa é largar medos, apegos e encarar. Desistir não é mais opção. Eu sei que minha coragem está reclusa em algum cômodo da casa e já está na hora de arejar os espaços. Meta. Foco. Persistência. Não é assim que funciona?

Reconhecer a necessidade de se salvar sozinho é a última saída quando todas as outras se esgotam. Viver de autocomiseração, maldizer o universo e se fazer de vítima para tudo que dá errado é puramente escolher anular o escore, é preferir ficar no banco de reserva enquanto observa os outros jogadores fazerem história. Mesmo que eu me lance em mar aberto, decido me perder nas tempestades a ser mais um grão de areia consumida pela covardia. Acho que não importa o meio que defino para ir, contanto que eu siga.

Hoje, como um dia de cada vez, deixo a chuva nos meus olhos florescer o meu sorriso em gotas de esperança.


f.

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3 comentários:

  1. Amei o seu cantinho..se quiser da uma passadinha no meu:
    http://comamoremaiscaro.blogspot.com.br/

    grande beijo.sz

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  2. E eu então do alto dos meus 38 quase 39,40... Que direi? Rhum, só acho que ninguém está salvo de fato antes que se fechem as contas pro balanço final, creio. F. Castro, a propósito, por acaso, já passou por alguma situação moral/financeira delicada na vida? O http://jefhcardoso.blogspot.com anseia por um comentário de sua parte. Abraço!

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  3. Você escreve muito bem. Parabéns !
    Tô gostando muito aqui do blog.

    >> trendsgabi.blogspot.com

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