29 de dez. de 2011

Um amor no escuro


Você me pede para voltar, amor, e eu até já voltei algumas vezes. Mas não consigo abandonar o fato de que você nunca fez o mesmo por mim. Então preciso saber se você quer estar comigo apesar e acima de tudo. Uma vez me perguntaram se eu sobreviveria só de amor. Você responderia a mesma coisa que eu? Nem sou capaz de identificar o instante em que passei a te chamar de meu amor, mas não creio que chegaria muito longe só com isso. Muito seca, eu? Realista, não? Já faz um tempo que deixei os dias de faz-de-conta guardadinhos no meu baú de tesouros. É um processo atroz esse de entrar no mundo dos adultos e ter que se virar sozinho, não é mesmo? E é tão difícil encontrar alguém legal, que faça um bem danado a gente. E não é que acabei encontrando você! Mas viver nessa de se exonerar a presença e ter que continuar é um fardo. Você não entende?! Era para você ter ido embora da primeira vez e me deixado apenas a lembrança gostosa do teu cheiro, do teu toque, e de ter ouvido você falar para mim ao telefone “eu quero você, vem aqui” [mesmo eu não podendo ir no ato] no jeitinho que é só seu. Tão insistente, você, amor! E tudo acabou acontecendo tão natural, apesar dessa sua teimosia que até hoje me pede pra ir te ver. Mas não posso ficar te seguindo pra todos os cantos, cada vez mais longínquos. Ainda tenho a minha vida para alimentar, uma vida que só está engatinhando. Eu até me comovo fácil com palavras bonitas, mas dessa vez eu preciso de atitude, não só quando a gente tá ditongo, mas principalmente quando a gente tá hiato. Entende amor? Quero saber que valeu a pena estar naquela primeira fila para ver um espetáculo e acabar me deparando com você. Será que é isso que acontece quando menos se espera? Amor?

f.

12.12.2011

Ela elegeu um dia para ser livre, ousada e feliz. Nunca esperou tanto por que uma segunda-feira chegasse e nunca desejou tanto que uma segunda-feira não atingisse o fim. Acordou cedo, pois tinha que aproveitar cada minuto. Arrumou a pequena mala de mão e saiu com o seu destino desenhado em pequenos lotes de esperança. Passara dias ponderando os prós e contras, o que poderia acontecer de bom e o que poderia dar errado. E resolveu ser otimista, trabalhar o lado positivo das probabilidades. Cada segundo de espera naquele carro diminuía a extensão da saudade que sentia, porém aumentava ainda mais as expectativas que conservava desde a sua decisão. Uma decisão omissa que tornava tudo mais especial, no entanto. Contava pouco mais de 20 anos que não utilizava tanto da sua coragem. Uma vida inteira, pensou. Chegou a apreciar o verde sublime do oceano que não via há tempos, mas mergulhou mesmo foi nos olhos negros da paixão e do desejo. E o resto virou resto porque só havia dois corações no mundo e as  promessas mais sinceras. O sol, afinal, brilhava só para eles. E todas aquelas brincadeiras embaixo do lençol e a conversa desafetada depois do amor, ela guardaria para si como a melhor loucura da sua vida. Já nem lembrava mais como era caminhar de mãos dadas num fim de tarde. Sem problemas ou preocupações, eles se reconheciam mais através de cada passo e faziam coisas pequenas que, posteriormente, se tornariam imensas de significado. Aquela cumplicidade de estar tão longe de casa só aumentava o sentimento de pertencer um ao outro, porque a vontade de ficar era tanta. E sentiu o vento salgado bater em seu rosto enquanto admirava os brilhos enigmáticos do horizonte líquido. Mas nada se comparava ao fato de ter com quem dividir cada um desses instantes. Era o que importava no final, eles poderiam fazer nada juntos e ainda valeria cada porção de tempo investido. Quanto à despedida, ela achou melhor não tocar no assunto. Despedidas são sempre cruéis e torturantes e estamos falando aqui de loucuras memoráveis... Ouvi dizer que o caminho de volta pareceu mais longo, mas ela não quis reclamar por estar regressando, só agradeceu pela oportunidade de compensar tantos dias triviais com um perfeito. Foi como ser acordada no ápice de um sonho, entre uma dose de rotina e outra, entretanto, ela já teria uma história para contar sobre quando decidiu se apaixonar, mesmo que por um dia. Que venham mais segundas!

f.

4 de dez. de 2011

Caro Papai Noel,

Eu comecei 2011, bem confiante, fazendo minha listinha de planos a concretizar no decorrer do ano. A boa notícia é que eu consegui realizar a maioria das minhas proposições. Você bem sabe que eu ralei muito para permanecer dentro das expectativas. E hoje eu me sinto mais leve depois do dever cumprido. Acho que todo mundo deveria fazer uma listinha dessa e assumir algum compromisso, para não se sentir tão perdido, sem metas nem sonhos... Ah, não se preocupe! O que eu não consegui este ano vou transferir para o próximo e assim por diante, até serem itens riscados ou não mais necessários.
Agora, o senhor deve estar se perguntando o porquê de eu estar gastando o seu tempo com essa carta cujo conteúdo até aqui não lhe é surpresa. Bem, sabe como é... Eu não poderia pedir o que eu quero pedir assim de supetão, para não parecer tão absurdo e inconveniente, embora eu não possa negar o caráter egoísta do meu pedido. Aí não tem jeito!
Tenho certeza de que há um número gigantesco de gente pedindo a paz mundial e implorando pelo fim da fome e da pobreza e etc. Verdade seja dita, o mundo anda realmente precisando e, acredite Papai Noel, eu também quero tudo isso. Ainda assim, não é o motivo da minha mobilização.
Queria te lembrar que eu continuo não jogando lixo no chão, falo o português corretamente, sou muito educada com as pessoas, exercito minha paciência diariamente, procuro ser solidária com meus semelhantes, oro antes de dormir, lavo a louça todo dia para deixar minha mãe feliz, economizo energia e água na minha casa, cumpro com minhas responsabilidades de boa moça, enfim, eu realmente andei me esforçando.
Mas não pense você que estou passando na cara ou fazendo qualquer cobrança, porque não estou. Apenas pensei em ajudar o senhor a decidir o meu presente de natal, afinal, sei que já anda muito ocupado com suas obrigações de época.
Então, Papai Noel, seria muito te pedir ele? Acho que não, né! Se compararmos as inúmeras listas de presentes que o senhor recebe por ano, cada uma com no mínimo dez itens, a minha carta é até humilde. E só faço essa excepcional solicitação porque estou certa de que é necessária. Porque não acho justa a forma como tudo terminou. E porque me arrependo das frases que ficaram em silêncio e dos atos que só aconteceram na minha imaginação. Por favor, faz ele voltar, trás ele pra perto. Este é o único presente que eu preciso receber neste natal. Prometo não pedir mais nada até o próximo!

f.

23 de nov. de 2011

Odeio circo.

"Aliás, odeio tudo que me encanta e depois vai embora."

Caio Fernando Abreu

21 de nov. de 2011

Se eu pudesse, pegava a dor, colocava a dor dentro de um envelope e devolvia ao remetente

Título: Mário Quintana


Ele veio conversar comigo todo travado e puxei até ouvir tudo o que queria. Resumindo, ele disse que só gosta de mim como amigo... Não tá fácil, mas agora um ponto final na história foi colocado. Eu disse que a partir de agora não haverá mais nada entre nós e que vou me afastar por um tempo até por as idéias no lugar. Não tá fácil, mas Deus ajuda quem tem coragem... rs!


Oi amiga,

Eu posso até imaginar um pouquinho da dor que você tá sentindo e me contenta lembrar que você é suficientemente forte para suportá-la até ela ir embora. As coisas vão estar difíceis – não digo mais difíceis porque não consigo resolver o que machuca mais entre o talvez das idealizações e a certeza de um nunca – e provavelmente você vai se sentir menos você e mais ele, por tudo que está presente, mas que precisa ser esquecido. Só espero que, com isso, você não renuncie a novas experiências, já que em ocasiões assim, o cérebro costuma culpar o agente errado.
Deus não te tiraria nada se não fosse pra te oferecer algo melhor, ainda bem que você sabe. A coragem que você teve para escancarar seus sentimentos é a mesma que as pessoas costumam deixar passar por medo de tentar. E eu me orgulho de mais de você por isso, mas isso você também já sabe. Você tinha esse sentimento abafado, encurralado... tão bom tê-lo libertado, antes que te implodisse. Então, não se arrependa, não se envergonhe, não tema.
Sabe, são essas coisinhas que dão à vida uma cor diferente, até imprescindível. Por mais destruidoras que sejam, a gente segue sabendo o quanto consegue agüentar e, mais importante, que consegue agüentar quantas vezes forem necessárias. Porque numa hora você cansa de olhar pros caquinhos e começa a recolher tudo pra se refazer e até se reinventar. Pra você ver que não é só no 1º de janeiro que o homem é capaz de recomeçar. Uma hora você compreende que essa dor que é tão sua é também de todo mundo, porque todo dia tem alguém tendo de engolir uma rejeição.
Você só está com uma perna quebrada agora e por isso estou te enviando uma muleta pra te ajudar a se sustentar. É aquela força que você me dispensa sempre que eu preciso, estou te devolvendo hoje, e não é pouca. Não ta fácil agora, mas depois que passa a gente ri, lembra?

Você vai ficar bem, só precisa de um tempo pra decidir isso.

Te amO!

f.

13 de nov. de 2011

Someone like you

Até que chegou o dia que, diante do espelho, fechei os olhos e fui capaz de sentir o suave toque das suas mãos me envolvendo, me passeando. O mesmo toque que me afastou os cabelos para respirar o aroma natural de uma alma tronca. Porque você sempre preferiu chegar até a base de tudo, o raso nunca o satisfez. E me perdi nessa fuga de estar sem, para te contemplar novamente, por mais uma vez sentir a confiança de caber no mundo de alguém. Beijando-me um beijo singelo, cheio de promessas e texturas descomprometidas, me transgrediu no impossível dos acontecimentos. Uma figura tão vívida nos devaneios de querer, quanto apagada do futuro que não vingará. E assim eu me virei a mim mesma - ou ao eu com quem sempre quis estar - e aspirei todas as lembranças embaralhadas do meu coração rechaçado, desequilibrado no veneno da dor. Nessa dor que me agarrei com unhas fincadas na decisão de nunca deixá-lo ir por inteiro, por mais que doesse. Mas o adeus nos seus olhos me espremeu o temor do que me recusava a executar: deixar para trás toda a razão que tive para seguir, que apesar de uma, era tanta. Mas seguir sem você não seria como voltar para trás? O que não entendia e que você insistia em me gritar com seu silêncio seria algo que me caberia aceitar nos segundos seguintes, quando cantou uma vez mais sobre a lógica egoísta de liberdade. Uma pequena ruína à minha espreita. Poderia eu matar minha sede apenas com lágrimas de abnegação ou sorver minha sobrevivência pela ausência que penetra meus poros? Chorei todo esse tempo essa ausência sempre presente em mim. O instante que você se aproximou, logo eu soube, se revelou o instante em que te perderia, um pouco mais do que vinha perdendo, e por definitivo. E só dessa vez, abrir os olhos não significou acordar. Mas era a intenção, realizar isso por um momento, e por um momento te trazer de volta pela última vez.

f.


I had hoped you'd see my face
And that you'd be reminded
That for me it isn't over

Adele

11 de nov. de 2011

Tenho uma teoria! Que talvez não faça o menor sentido, mas não elimina todas as possibilidades.

Também pode servir para coisa nenhuma, mesmo assim gostaria de expor minha abstração. É sobre a força do olhar. Não é a toa que as pessoas entoam mundo afora que seu olhar me hipnotiza me faz tão bem, ou seu olhar me encantou, ou ainda aquele olhar me fez perder a razão. São inúmeras as construções poéticas para o olhar. A literatura, as músicas, os filmes não me deixam mentir. Certamente, as pessoas não costumam levar em conta a importância de um olhar. Certamente, não é todo mundo que tem essa percepção. E já que a coisa deu tão certo, certamente, o uso do olhar como expressão romântica já se banalizou, como a maioria das fórmulas de sucesso. Logo, chego à outra parte da teoria que alega não ser todo mundo que tem a chance de topar com um olhar assim. Porque não pode ser qualquer olhar, em qualquer hora. Não, eu to falando daquele encontro, da colisão de olhares. É o olhar que arrebata, que dispensa versos e despreza melodias. É aquele dado de pertinho depois de um beijo, ou antes dele. É o olhar que mergulha no nosso olhar e o vira do avesso, que deixa a gente envergonhado de tão fundo que ele chega. É o tal do olhar que nos faz perceber que nunca antes havia tido um olhar assim. É aquele olhar que faz o coração gritar forte é com o seu olhar que eu quero amanhecer daqui pra frente. E isso tudo não podia vir de um olhar vazio, certo! Dizem que os olhos são as janelas da alma, e para haver tanto significado em um olhar, devem ser mesmo. Duas almas que se decifram e se reconhecem através do olhar. É essa sinergia que as pessoas deveriam buscar, porque pode parecer algo muito bobo e irrelevante, mas o olhar conserva um amplo valor em si mesmo, para aquele que estenda o seu além do que a visão pode enxergar superficialmente. E um dia, todo mundo nessa terra há de se perder em um olhar.

f.

10 de nov. de 2011

Só mais uma aventura

Tropecei nessa vontade de ir embora. Na necessidade de abrir as portas de outros mundos.
Estava buscando ser diferente, ir um pouco além de mim. Ansiava experimentar novas atitudes, ir atrás de um eu que eu nunca fui.
Então fiz as malas e me despedi do espelho. E até que não foi difícil, eu estava realmente decidida.
Peguei o táxi, era cedo para tecer qualquer resultado, e o medo, também deixei para trás, ele que sempre fez tanta parte.
Mas não podia haver qualquer dúvida e mesmo que ela estivesse o tempo todo lá, eu me rendi.
E foi distinto em cores e compassos.
E não precisou de muitas palavras, nem pretextos.
Nada ensaiado, delineado, esperado.
Apenas o encontro e a entrega.
De repente perdi o fôlego.
A intensidade do toque, do sabor, da contemplação.
E então o desejo de ir adiante. De arrancar mais daquela experiência.
Embora tenha me machucado em algum momento, não consegui me arrepender.
Só não esperava me reencontrar tão rápido.
E isso me fez pensar...
Eu nunca estive verdadeiramente longe de mim.

f.

3 de jun. de 2011

Tão simples como um ponto final

Eles se conhecem sem exatamente se distinguir.
Eles passam a ter expectativa.
Eles descobrem afinidades e diferenças.
Eles vão juntando planos, reinventando sonhos, cedendo mais espaço pro outro.
Eles se percebem aparvalhados, atrapalhados, apaixonados.
Eles brincam de se encontrar e adivinhar o futuro.
Eles combinam que a extensão de quilômetros que os separa é a mesma que os aproxima.
Eles entendem que essa realidade não é tanto o que se define como ideal.
Eles começam a vacilar.
Eles decidem experimentar, expandir, almejar, um pouco mais independentes.
Eles notam o quanto a distância aumenta, e desta vez, não há movimento contrário.
Eles acham que o outro não se importa.
Eles fingem, dissimulam, ou eles esperam, confiam?
Eles acabam se perdendo.
Eles não acontecem mais.

f.

2 de jun. de 2011

Ali, por trás do crachá e do uniforme, estava seu eu verdadeiro, guardado em segredo, acumulando-se em silêncio.

[Terceira Parte - Reparação]
Ian McEwan

21 de mai. de 2011

E quem disse que é justo?

As pessoas costumam usar muito a própria incredulidade e não confiar em ninguém a não ser nelas mesmas porque o mundo é conduzido por mentiras e meias verdades e todos sabem disso eles ficam com raiva se você diz que não pode porque para eles é uma desculpa pra você é circunstância aí vem você com uma ingênua pompa de integridade e revela que está passando por maus momentos que está fodido mesmo mas tentando se reerguer e só quem fica do teu lado são aqueles teus dois amigos mais íntimos no mundo que ainda tentam te ajudar de longe porque no final ninguém quer se comprometer com nada e você segue tentando tirar do bolso seus últimos centavos de esperança é difícil compreender o quanto a hostilidade afasta as pessoas umas das outras e delas mesmas e você se joga ao vício e alcança o fundo em questão de segundos logo você que deveria ser uma máquina se descobre apenas humano sozinho ferido mas com a capacidade de emergir de novo sempre que a necessidade exigir mas disso você ainda não se deu conta porque o fundo cega inibe a vontade e inspira o medo por um tempo você vai continuar só olhando as sombras na parede até enfim chegar a claridade ou à claridade e virão mais batalhas mais inimigos mais coisas podres e você terá que enfrentar tudo isso de novo e de novo e de novo mas você é feito de tentativas e sempre tem um sonho esquecido que pode vir à tona ou um novo e sonhos sempre te movem à superfície apenas lembre-se de não sonhar de mais sonhar de mais te deixa vulnerável e você precisa manter as perspectivas no eixo pra não apanhar novamente e você não quer embora seja inevitável às vezes você não quer... E posto isto, meu caro, posso lhe dizer como você termina: forte!

f.

1 de mai. de 2011

Quando chove

Que chova lá fora e que seja bem longe de mim. Que chova de mansinho e só de vez em quando que é pra purificar. Que traga o conforto quente de ter alguém por perto. E a esperança que amanhã será verde e pulsante. Que deixe o carinho de um amigo antigo. E sirva para recuperar prazeres perdidos no tempo, ou na falta dele. Que estimule os sonhos. Que faça nascer a beleza das pequenas coisas. Que acalme a alma e o coração. E se tiver que chover por dentro, que chova devagar e bem raramente. Que traga o consolo forte de uma mão ou um ombro se for necessário. E a fé para não desistir. Que deixe o apoio de um amigo próximo. E sirva para rever atitudes e idéias. Que mostre caminhos melhores e ensine a ver a vida de forma diferente. Que eleve a alma e o coração.

f.

27 de abr. de 2011

Incômodo



O mal é que eu me importo se você não se importa. E isso reflete mais que uma simples dor no ego, transgride qualquer princípio de autoproteção, é a fraqueza que eu gostaria de dispensar e não olhar para trás. Mas você tem essa capacidade de me fazer sentir melhor do que eu sou e esmagar meus medos e dúvidas. E ser tão intenso, tão real. Eu até penso que estou vivendo um sonho... São apenas fragmentos e idealismos vãos de como a gente podia dar certo. Talvez o ‘nós’ esteja escrito só para mais tarde e você já tenha compreendido isso. Ou pode ser que eu não esteja querendo ver a verdade através das mudanças de assunto, respostas desinteressadas e ausências constantes. É difícil entender. É difícil aceitar. É difícil seguir em frente. Você nem imagina o quanto isso incomoda. 

f.

27 de fev. de 2011

Porque não dá pra ser feliz e demonstrar



O que me irrita é o número de pessoas querendo comandar a minha vida, sem eu pedir. Eu me pergunto quão vazia é a existência dessas pessoas e o tamanho do nada com que elas tem que lidar todos os dias. Então eu me dou conta que o princípio não é este. Pelo contrário, essa gente que troca a própria vida pela alheia está plena em muita coisa: tédio, decepções, infelicidade, insatisfação, inveja, ócio. E como já não esperam nada da vida nem de si, provocam a disseminação farta de prejulgamentos, conversas mal intencionadas e conselhos gratuitos... E você se sente tão cansado, nem imagina que tem gente vivendo a sua vida por você.

f.

25 de fev. de 2011

são só pedras



Tinha umas pedrinhas no meio da estrada e elas nos forçaram a parar, uma interrupção involuntária, daquelas que não dá pra acreditar quando acontece de tão chocante e inesperada. A sensação era de fim. Havíamos chegado até ali, mas de um segundo pra outro a situação se invertera. O balão tinha escapado das nossas mãos, contudo corremos atrás dele em vez de ficar só olhando, chorando e lamentando. E foi a atitude mais corajosa e correta que tomamos. Porque embora estivéssemos machucados, pedra nenhuma nos fez sair do caminho e desistir. Então continuamos. E fizemos isso tantas outras vezes, mesmo quando não parecia possível... 

f.

20 de fev. de 2011

Igual a todo mundo



Eu sempre estive tão longe dessas coisas que acontecem com todo mundo, de parecer com todo mundo. Como alguém invencível, alguém inalcançável, a minha razão sempre me protegeu de sofrer mais que devia. Aí vem você, me afasta da sanidade, me tira o fôlego, parte meu coração e finge que não fez nada disso. Agora, eu tô mais igual a todo mundo; as mesmas rugas e cicatrizes. Os mesmos versos, as mesmas rimas. Um pouco mais frágil, mais humana. Um tanto mais forte também. E portanto, menos sozinha.

f.

E se você tem a capacidade de amar



... ame primeiro a si mesmo
mas esteja sempre alerta para a possibilidade de uma
derrota total
mesmo que a razão para essa derrota
pareça certa ou errada -

[Como Ser Um Grande Escritor - O Amor É Um Cão Dos Diabos]
Charles Bukowski

7 de fev. de 2011



"[...] e tudo que eu andava fazendo e sendo eu não queria que ele visse nem soubesse, mas depois de pensar isso me deu um desgosto porque fui percebendo, por dentro da chuva, que talvez eu não  quisesse que ele soubesse que eu era eu, e eu era. Começou a acontecer uma coisa confusa na minha cabeça, essa história de não querer que ele soubesse que eu era eu, encharcado naquela chuva toda que caía, caía, caía e tive vontade de voltar para algum lugar seco e quente, se houvesse, e não lembrava de nenhum, ou parar para sempre ali mesmo naquela esquina cinzenta que eu tentava atravessar sem conseguir, os carros me jogando água e lama ao passar, mas eu não podia, ou podia mas não devia, ou podia mas não queria ou não sabia mais como se parava ou voltava atrás, eu tinha que continuar indo ao encontro dele, que me abriria a porta, o sax gemido ao fundo e quem sabe uma lareira, pinhões, vinho quente com cravo e canela, essas coisas do inverno, e mais ainda, eu precisava deter a vontade de voltar atrás ou ficar parado, pois tem um ponto, eu descobria, em que você perde o comando das próprias pernas, não é bem assim, descoberta tortuosa que o frio e a chuva não me deixavam mastigar direito, eu apenas começava a saber que tem um ponto, e eu dividido querendo ver o depois do ponto e também aquele agradável dele me esperando quente e pronto."
[Além Do Ponto - Morangos Mofados]
Caio Fernando Abreu 

30 de jan. de 2011

Chega!



É isso aí. Cansei das suas ausências e dissimulações. Das flores, beijos e elogios em um dia. E do nada que vem no seguinte. E tô cansada também desta estúpida espera e expectativas que conservo em vão. As promessas que atravessam todo o desespero e desafinam em palavras ocas e distorcidas. Com você nunca é uma coisa só. Você é sempre plural. Eu só me sinto assim com você. E é injusto que seja assim. Eu me entregando, você pelas margens. Me jogo numa espécie de simbiose unilateral, me coloco indefesa em suas mãos, perdôo suas contradições e me satisfaço com migalhas de atenção. Daí você tira férias de mim, sempre súbitas e extensas. Me deixa em abstinência e volta com aquele sorriso cínico. E pela milésima vez eu anuncio silenciosamente que é a última que deixo você voltar. E pela milésima vez eu renuncio ao meu orgulho, ou seria amor-próprio? Whatever! Depois de tantas tentativas frustradas eu entendo que é você no controle, e detesto você no controle. E detesto mais ainda pensar que pior seria não ter você em parte alguma. Por isso, chega! Chega mais, meu amor, mais perto. Enquanto não sou borboleta, me contento em ser crisálida.

f.

Introspecção

... meu exercício mais diário.

f.


17 de jan. de 2011




A verdade é que a minha vida é todas essas palavras dos outros que significam e calam e refletem e expõem e gritam e cantam e sonham e gesticulam e sentem e completam as minhas palavras.

f.

16 de jan. de 2011

Tudo o que eu posso ser



Cansei de ser uma. De tentar me encontrar, de querer me definir. Acabei descobrindo que o bom é ser eu mesma, sendo várias de mim. Porque eu não sou constante, nem inflexível. Eu sou é bipolar e vario em minhas personalidades. E tenho muitas, e tantas, e infinitas partes de mim mesma. Que vou me deparando e inventando e adaptando. Mas ser apenas eu não é tão fácil, nem tão difícil. Sem querer ser, sem tentar ser. É apenas ser aceitando e continuando. É parar de arriscar definições e desistir de rótulos previsíveis. Porque o verdadeiro ser não cessa, está sempre se transformando, encontrando, transitando, evoluindo... sendo.

f.

15 de jan. de 2011


Resolvi esperar, como sempre faço, na expectativa de ser diferente... 

 .


 .


Eu não me entendo. Nunca canso de esperar por você.

f.

Layout: Bia Rodrigues | Tecnologia do Blogger | All Rights Reserved ©