22 de out. de 2014

Para a tempestade

Um marinheiro me contou
Que a brisa lhe soprou
Que vem aí bom tempo
-Chico Buarque de Hollanda



Chorei teu pranto como se fosse meu sem entender que tua chuva cessaria no instante em que me calhasse a decisão. Demorou essa coragem a chegar, mas surgiu no momento oportuno, como deveria ser. Meu barquinho não foi engolido por teu mar e sobrevivi a teu embalo furioso, apesar de quase sucumbir. Essas águas já não me convencem mais que eu não sou suficiente pra vida. Eu sou só e isso é poesia. Hoje posso brilhar até nos dias nublados, sem me sentir criança diante de tanta imensidão. Eu beijo o sal da tua tristeza para me curar dos naufrágios. Agora, eu danço com o vento, por cima do teu volume, fazendo das minhas dores a bússola para seguir adiante. É noite apenas na tua alma. Desalmada. Eu quero horizontes mais vibrantes, tempos mais excitantes e sonhos maiores que o medo. E sem acreditar na tua névoa eu chego até sem pedir. Eu sou o teu oposto, a tua calmaria. Eu sou a existência de nós duas, tola tempestade, que levou minha sanidade e levantou minha força.

E renasço.

f.

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