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Eu poderia te jogar na cara todas
as lágrimas que juntei em baldes só para medir o tamanho da sua indiferença. Eu
poderia fazer uma exposição detalhada de todos os dramas montados para denunciar
os tipos de vilão que você interpretou. Eu queria te arrastar até a cena dos
crimes que você cometeu só para te mostrar quantas esperanças você matou em
mim. E eu poderia me tatuar com uma amargura infindável para não esquecer o meu
ódio e toda a mágoa que tomou o seu lugar.
Você usou uma lábia pronta para
amortecer minha insegurança e conquistar territórios. Fantasiou-se com
romantismo e me fez pensar que era o homem perfeito para qualquer mulher. Uma
amarração frágil, uma carência mal entendida e lá estava eu sentindo tudo que
não devia por você. Mas, você soltou minha mão no meio de um labirinto, e o que
a gente tende a experimentar quando alguém nos abandona é o amor que fica não o
que vai embora. A aspiração nessa hora é automaticamente esmagar os bons
momentos com decepção e raiva.
Eu não fui exceção. Eu não ganhei
o artigo definido antes da pessoa, da mulher, do sentimento. Tampouco reinei ao
seu lado enquanto acreditava estar com a coroa na cabeça. Demorou até eu compreender
toda sua sinceridade fingida e demorou até me por no meu devido lugar na lista
de prioridades. Eis o porquê de te escrever essas linhas. Finalmente, posso ser
franca sem a interferência de qualquer ressentimento que me reduza à
mediocridade.
Admito que fui condescendente com
as suas teorias sobre tudo, escancarei
portas, janelas e portões, eu deixei, eu quis, eu fui cúmplice e sem o seu
incentivo eu não teria chegado tão longe. É por isso que me faço em palavras, preciso
te dar o reconhecimento por ter me preparado para o mundo. Pessoas são feitas de marcas e você me cravou algumas que converti em meu benefício. Agora eu sei que
cicatrizes são uma espécie de armadura que nos tornam menos relapsos.
Obrigada por tantas vezes ter
sido meu estímulo para levantar da cama e enfrentar meus pequenos monstros. Depois
que o efeito passou, eu simplesmente deixei de ser menos para ser nada menos
que o meu melhor. Mas você me ajudou a crescer, a andar sem muletas
sentimentalistas, a rever parâmetros e priorizar urgências. Eu estou enxergando
o mundo com outras lentes agora e o coração palpita livre dos restos ruins.
Não te culpo mais pelas minhas
tragédias pessoais, infernos e melodramas. E isso me faz um bem sem
precedentes. Deixar você ir foi como defenestrar um tanto de tralha imenso cujo
prazo de validade havia expirado. Voltei a me deparar com tipos iguais ao seu e
me orgulho de levar na bagagem a sua lição.
Antes que você questione, é de experiência que estou falando, garoto. Você
me impulsionou a subir os degraus, pode se orgulhar! Você valeu a pena porque despertou em mim a necessidade de me fazer feliz acima de tudo.
f.
Gente, eu vim aqui ler o texto da minha concorrente no Bloínquês e estou impressionado. Enfatizo a frase "Eu não ganhei o artigo definido antes da pessoa, da mulher, do sentimento.", pois achei brilhante. É um ótimo texto e fico animado. Estou quase torcendo por você. Quase, rs. Boa sorte. E falo sério quando digo que você escreve com propriedade e usa as palavras certas nas horas certas.
ResponderExcluirAdorei <3
ResponderExcluirLindo texto. Que mulher nunca se submeteu a passar por isso?
ResponderExcluirQuem nunca aceitou ser uma mulher, uma companhia de qualquer um?
O quanto muitas vezes permitimos nos fazer enganadas e usadas. Triste, mas verdade....
Seu texto é perfeito acho que pra todas...
adorei seu blog!
http://opinandoemtudo.blogspot.com.br
bjo
Parabéns, escreve muito bem...
ResponderExcluirParabéns, escreve muito bem...
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