13 de mai. de 2014

Ainda tão sua

Se não sabe, se afaste de mim.
Se ainda cabe, me abrace enfim.
-Nando Reis


Você costumava ter um olhar tão repleto de brilho que eu conseguia ver, até mesmo a metros de distância, que era eu quem provocava essas fagulhas, que sempre me lembravam das estrelas em noite de céu sem nuvem. De alguma forma, eu era importante pra você e esse olhar era que dizia sem nem precisar de sujeito e predicado. Sem nem precisar ligar o alarme ou por anúncio na tv. Era simples e ponto final. Tinha vontade e tinha verdade. E tinha também um sorriso instantâneo que era todo e só pra mim. Você costumava ter um amor... quase que incondicional pra pouco tempo de vivência. Eu fui deixando os medos se perderem no caminho e segui com a confiança que você me emprestava vezenquando a cada ocasião que perdoava os meus tropeços sem pestanejar. Eu fui me acomodando ao seu abraço e me fazendo completa a cada ameaça de beijo. Eu fui, fui feliz distraidamente, pela naturalidade do nosso sentimento e, mais ainda, pela intensidade do que a gente queria viver pela frente. Fui te fazendo de base pra vida toda até perceber que junto com os medos alguma coisa boa também se perdeu. Sobrou esse monte de insegurança e desespero que transbordam em cada maldita crise de afastamento. E acabei me dando conta que depois de todas as coisas boas e ruins, você nunca revelou seu atual estado de espírito. Daí, já nem sei se você me coloca nos seus planos de futuro porque é assim que realmente imagina ou se é porque eu estou na sua frente e, no fundo, não quer me ver chorar. Há quanto tempo você não liga só pra dizer que tá com saudade? Aliás, você chega a sentir saudade alguma hora por dia? Não sei se tenho muito mais tempo para essa brincadeira besta de mostrar ao outro que pode ficar sem ligar dois ou três dias sem nem sentir falta de nada. Eu sinto. Não tenho mais tempo para ser colocada na lista de espera. E me perdoe o excesso, se é assim que pensa. É que a última coisa que eu queria era ter que enfrentar o mundo sem a sua força. A última coisa que eu quero é ter que me desacostumar de você. Aí talvez eu não queira nem sobreviver.

f.

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