7 de nov. de 2010

Depois de você



Agora o meu coração pulsa a cor desbotada do depois. E o sempre que eu havia inventado para me salvar da insegurança, simplesmente passou.  É o peso da realidade que tá me machucando, porque o convite não estava endereçado a ela. O mundo não tem tanta graça sem você. Isso está evidente na forma como você não me procura mais. E isso está evidente na forma como eu fiquei pra trás, se é você quem ainda vejo no meu futuro... É escolha minha: insistir em algo que acabou ou seguir em frente.

f.

My breaking heart and I agree that you and I could never be,
So with my best, my very best, I set you free.
Nat King Cole - I Wish You Love

16 de jun. de 2010

Você não pode perder o amor...


"Você perde coisas, oportunidades, pessoas... mas o amor está sempre lá. Talvez não na sua maior forma ou intensidade no qual foi vivido, mas na essência de que existiu. Na certeza de ter valido a pena. Na saudade de um sorriso, um cheiro, um gesto peculiar. E quando a leve brisa da manhã bate suave no seu rosto trazendo todas aquelas emoções... [vamos lá! Você sabe do que estou falando!] Você simplesmente sente que, contra todas as possibilidades, diante de tudo o que é negativo e por mais que o tempo e o espaço possam pesar, o amor nunca foi embora. E ele continua lá, como uma criança que anseia pela atenção dos pais, esperando para ser notado, para ser vivido intensamente, de novo, e de novo, e de novo...”

f.

30 de mai. de 2010

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"[...] Te desejo uma fé enorme, em qualquer coisa, não importa o quê, como aquela fé que a gente teve um dia, me deseja também uma coisa bem bonita, uma coisa qualquer maravilhosa, que me faça acreditar em tudo de novo, que nos faça acreditar em tudo outra vez, que leve para longe da minha boca este gosto podre de fracasso, este travo de derrota sem nobreza, não tem jeito companheiro, nos perdemos no meio da estrada e nunca tivemos mapa algum, ninguém dá mais carona e a noite já vem chegando."


[Os Sobreviventes – Morangos Mofados]
Caio Fernando Abreu
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29 de mai. de 2010

Um Breve Conto Sobre a Sua Ausência


Parou para observar o cenário. Nulo, vazio. Havia andado por horas, talvez quilômetros. Solto com o vento, seus pensamentos o levaram para qualquer lugar. Havia se perdido dentro daquela dor, e embora não fosse de seu feitio sentir medo, estava cheio dele, dos mais profundos, dos mais covardes. Estava só. Por dentro e por fora. Tanto se entregara àquelas sensações, e a cada lembrança vivida, que agora não sabia como limpar a tatuagem em seu corpo, mais que isso, em sua alma. Era como uma tortura.O que ser sem você?, pensava, já que era tudo com ela. E seu dia nublado passou a contrastar com o dia ensolarado dos outros. E daquele olhar taciturno saíram lágrimas que gritavam desespero e inconformismo. Mais uma vez quis buscar as respostas. Mas o céu continuava azul, as pessoas ainda seguiam apressadas e automáticas as suas rotinas e o trânsito ainda era barulhento. E milhares de outros acontecimentos que seu cérebro simplesmente ignorava se sucediam naqueles segundos. E ninguém parecia se importar com o que estava acontecendo. Por que não se rendiam a sua tristeza? E por que deveriam? Apesar de parecer alcançar todos os limites geográficos, aquela dor era só dele. Mesmo assim, achava que o mundo inteiro merecia conhecer a sua história. Deus, como amara aquela mulher! As suas loucuras, sua sabedoria, sua respiração, seus traços doces e simples, seu sorriso que significava o ocaso de toda e qualquer chateação. Em troca, os seus melhores sorrisos, ele guardava para ela. Admirava a sua força e por ela ser a sua o medo lhe era obsoleto. Lembrou-se de certa conversa, quando uma vez tiveram que se separar. Uma frase que ela declarou e jamais foi capaz de esquecer: É quando você não está que eu te amo mais. De alguma forma, isso fazia todo o sentido. Ainda bem que ela existia, mas isso não era suficiente. Não! Ainda bem que ela existia e que fora feita para ele. Sabia pelas horas em que seus olhares se tocavam, na forma como suas mãos eram hábeis em se expressar, quando seus corpos pulsavam o mesmo ritmo e seus pensamentos se confundiam. Agora seu coração ferido tentava silenciar todos aqueles pedaços de extrema felicidade que insistiam em sobreviver, porque agora eles pertenciam ao passado e não eram mais dele. Um raro momento quando a felicidade envia o sofrimento ou quando a pessoa se perde de vez dela. Por muitas vezes, como um ritual quase diário, se encontraria andando por aí sem rumo, tentando descobrir os motivos pelos quais as pessoas ainda sorriam e se perguntando a quem daria os seus melhores. E olhava para o nada, lembrando daquelas palavras proferidas numa última conversa por telefone, sentindo-as à flor da pele: É quando você não está que eu te amo mais. Duraria um tempo para entender o propósito de tudo aquilo.




- E o que fazer ao fim do dia?
- Recomeçar!

f.

18 de mai. de 2010

Com amor, f.



Rosie,
Estou  voltando  para  Boston  amanhã,  mas  antes  de  ir  gostaria de
escrever  esta  carta.  Todos  os  pensamentos  e  sentimentos  que  têm  estado
borbulhando dentro de mim estão finalmente  transbordando desta caneta e
deixo  esta  carta  para  que  não  se  sinta  como  se  a  estivesse  pressionando.
Compreendo  que  vá  precisar  de  tempo  para  se  decidir  a  respeito  do  que
estou prestes a dizer.
Cei  o  que  está  acontecendo,  Rosie.  Você  é  minha  melhor  amiga
posso ver a tristeza em seus olhos. Cei que Greg não está fora trabalhando
no  fim  de  semana.  Você  nunca  conseguiu  mentir  para  mim,  sempre  foi
horrível nisto. Seus olhos a traem de tempos em tempos. Não finja que tudo
está  perfeito,  porque  vejo  que  não  está.  Vejo  que  Greg  é  um  homem
egoísta, que não faz absolutamente  idéia da sorte que tem, e isto me deixa
doente.
Ele é o homem mais afortunado do mundo por tê-la, Rosie, mas não
a merece e você merece muito mais. Você merece alguém que a ame a cada
batida  de  seu  coração,  alguém  que  pense  a  seu  respeito  a  cada  instante,
alguém  que  passe  cada minuto  do  dia  apenas  se  perguntando  o  que  você
está  fazendo, onde  está, com quem está e  se  está bem. Precisa de alguém
que  possa  ajudá-la  a  alcançar  seus  sonhos  e  protegê-la  de  seus  medos.
Alguém  que  vá  tratá-la  com  respeito,  que  ame  cada  lado  seu,
especialmente suas falhas. Você deveria estar com alguém que possa fazê-
la  feliz,  realmente  feliz,  flutuando  de  felicidade. Alguém  que  deveria  ter
aproveitado  a  chance  de  estar  com  você  anos  atrás,  em  vez  de  ter  se
assustado e se amedrontado demais para tentar.
[...]Eu nunca deveria ter deixado que seus lábios se afastassem dos meus
anos  atrás  em  Boston. Numa  deveria  ter me  afastado. Nunca  deveria  ter
entrado em pânico. Nunca deveria  ter passado  todos esses anos sem você.
Dê-me uma chance de compensá-los. Amo você, Rosie, e quero estar com
você e Katie e Josh, Para sempre.

Com todo o meu amor,
Alex


Trecho retirado do livro Onde Terminam os Arco-Íris [Where Rainbows End, 2005], da Cecelia Ahern. Cap. 19, pág. 134.

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viver...


                                 amar...  



               arriscar...




...não necessariamente nesta ordem.



3 de mai. de 2010


Ela sempre acreditou que a Felicidade se escondia em algum lugar dentro de si mesma. Ela tinha o poder de evocar essa tal felicidade quando quisesse, ela sabia. E mesmo quando a Felicidade, acanhada por si só, se recusava a se mostrar, ela tinha certeza que aquilo era temporal. Até a Dona Felicidade vivia seus dias mais reservados. Mas naquele momento, naquela determinada ocasião, ela sentia, pelo sentimento que se transfigurava em vazio, que a Felicidade não mais coexistia consigo...

f.

2 de mai. de 2010

Procura-se uma Máquina do Tempo


A última semana foi um tanto saudosa. Milhares de sinais e detalhes que remeteram aos velhos tempos, momentos e hábitos que são congelados no passado e vez ou outra voltam à mente só para fazer você suspirar e reconhecer: “eu era feliz e não sabia” ou, no caso das lembranças não tão agradáveis na época, “depois que passa a gente ri”. Normal. Mas eu queria mais. Queria poder rebobinar minha vida e passar por tudo de novo, ou escolher um ou dois instantes da minha infância para reviver, sentir o quanto era bom. Poder assisti-los como a um clipe também já estava de bom tamanho. Queria não. Quero.

Eu quero abrir os olhos e acordar no meu antigo quarto azul. Quero ser acordada pela minha mãe trazendo a mamadeira com vitamina. Quero voltar a ter dois meses de férias no verão. Quero ir dormir depois do almoço. Quero montar a casa pra minha Barbie e depois de terminar não ter mais vontade de brincar. Quero que chegue a hora do recreio. Quero passar as manhãs assistindo a Xuxa. Quero tirar o carro da garagem com o meu pai e que ele me leve para ver ‘as casas bonitas’. Eu quero o meu pai de volta.

Quero voltar a chupar chupeta. Minha TV em preto-e-branco, a quero também. Quero os grandes almoços em família nos feriados. Quero jogar vídeo game na locadora. Quero comprar vinte chicletes de uma vez só para tirar as figurinhas para completar o álbum. Quero ir pra missa com os meus pais [mesmo não gostando de missa]. Quero inventar que estou com dor de cabeça pra não ter que ir pra igreja. Quero fazer primeira comunhão e dançar quadrilha no período junino.

Eu quero pegar sal do armário e comê-lo escondido em baixo da mesa. Quero meu caderninho de poesia e meus questionários. Quero acreditar em papai Noel e sentir o clima do natal chegando. Quero acordar e olhar em baixo da cama. Quero ouvir músicas no walkman. Quero voltar a ser a melhor amiga da minha melhor amiga. Quero que minha mãe me obrigue a tomar sopa todas as noites e quero comer papa assistindo novela com ela. Quero que meu pai me ensine a tarefa e me leve pra escola.

Quero assistir a Sessão da Tarde comendo bolacha recheada. Quero passar um mês na casa da minha irmã nas férias. Quero arengar com meu sobrinho chato [que é apenas dois anos mais novo] pelo melhor lugar pra assistir Os Cavaleiros do Zodíaco. Eu quero assistir Os Cavaleiros do Zodíaco. E a Sailor Moon. O Tim-Tim, Doug Fanny, Scooby-Doo. Quero pular na calçada, brincar de Power-Rangers e amarelinha. Quero tomar banho de chuva e depois ficar doente pra minha mãe cuidar de mim.

Quero fazer festas temáticas nos meus aniversários e chamar todos os meus amigos. Eu quero que as minhas únicas preocupações sejam minhas notas na escola e ter que fazer educação física. Eu quero voltar a ler revistas teens que me ensinam o passo a passo para o primeiro beijo. Eu quero os Backstreet Boys e as Spice Girls juntos de novo. Quero curtir as novelas mexicanas que na época me pareciam tão boas. Quero estar perdidamente apaixonada pelo meu primeiro amor novamente. Quero passar as noites ouvindo músicas românticas na rádio. Quero que volte a apagar a luz nos réveillons, assim todo mundo começa o ano ao mesmo tempo.

Eu quero passar no vestibular de novo. Quero ter 15, 18 anos de novo. E o tempo podia estagnar aí. Eu quero aproveitar a faculdade, as tardes de filosofia, sonhos e risadas com meus amigos. Quero curtir minhas madrugadas lendo romance. Minhas conversas ao telefone quando ainda nem sabia o que era um email, quero isso também. Quero ver Titanic no cinema com o meu irmão. Quero fazer filmes na cabeça conhecendo o Leonardo Di Caprio, depois o Keanu Reeves, e o Brad Pitt e o Orlando Bloom. Quero ir pro sítio aos domingos, manter contato com a natureza.

Eu quero ser irresponsável e inocente. Quero acreditar em príncipe encantado e viver em um conto de fadas. Quero planejar um grande futuro. E quero tantas outras coisas. Então, se você sabe como chegar ao passado, se sabe ao menos uma fórmula de voltar, ou tem uma daquelas máquinas, eu troco por um presente, o meu presente. Ao menos por alguns minutos, só nestes em que preciso. Se for o bastante pra você, é o bastante pra mim.

f.

27 de abr. de 2010

Para você aí do outro lado... *


Talvez esta seja a minha maior, melhor loucura.
Talvez eu me arrependa disso que estou prestes a desabafar.
Ou talvez eu esteja idealizando demais, sonhando demais, sentindo demais.
As pessoas costumam ser céticas quando se trata disso.
Até mesmo você.
Até mesmo eu.
Acho que faz parte de todo o processo.
Mas até mesmo quando as coisas não parecem ter lógica, eu prefiro seguir em frente.
Chegar até você, se possível.
Mas não é.
Ainda não.
Não por completo.
Não importa!
Ainda que a conexão seja encerrada, você persiste nas horas, em cada hora.
Amo a sensação que é você.
É como andar no escuro.
Tocar no abstrato.
É viciante.
É [in] constante.
E sei que um dos dois, ou ambos, pode um dia cansar, desistir, abandonar.
E daí?
Risco e beleza correm juntos.
Talvez, futuramente, você possa não ser o que eu preciso e eu vá descobrir com o tempo...

[Ei, você aí do outro lado da tela, da cidade, do país!
Tá prestando atenção no que eu tô falando, não está?
Eu espero que sim.]

Porque talvez amanhã tudo mude, não sei.
E quem liga??
Eu vivo o hoje.

E hoje, eu escolho você.

f.

*para ler todo dia 

 
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Aonde está você agora
Além de aqui dentro de mim?


Dado Villa Lobos

24 de abr. de 2010

Tic-Tac

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Correr, correr, correr. Não chegar a lugar algum. A paisagem continua a mesma. Estática. Tic-tac. Tic-tac. Sinto movimento, mas não vejo mudança. Tic-tac. Para onde ir? Todos os caminhos só me levam a um destino: lugar nenhum. Aquela pedra, já a vi antes. Aquela árvore, já estava ali ontem. Ninguém à vista. O que? Aquela montanha... Não, não. É apenas a posição do sol. Andar, andar, andar em círculos. Andar pra trás. Cansaço. Mas não posso parar. A chuva que cai logo seca. O vento que sopra simultaneamente toma seu rumo. Ficam a solidão e a esperança. Brigam entre si. Quem ganhará o posto de minha melhor amiga? Silêncio. Tic-tac-tic. O tempo que não volta. Tic-tac. Agora é o mesmo que me sussurra ao ouvido: "Também é preciso saber parar, esperar, observar e seguir outros caminhos além dos que já foram trilhados". Então parei. Sentei naquela pedra debaixo da sombra daquela árvore. E onde o sol se punha, por detrás daquela montanha, percebi que era pra onde eu tinha que ir.
f.

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