11 de jul. de 2013

Que eu te amo


Acabei de desligar o telefone, arrependida de minha boca ter calado o óbvio. É que eu ainda não aprendi a censurar o meu orgulho quando ele brinca de imperar a minha sensibilidade. Você deveria saber que eu fui criada como filha única, mesmo não sendo, e esse descuido foi suficiente para refletir na forma como eu gosto de ser tratada. Eu bem sei que a sua alma livre não se prende a certos padrões de posse, mas, às vezes, essa tentativa de monopólio é a única coisa que me resta para me fazer sentir segura quando você insiste em permanecer longe. Deixa isso para o tempo. Se eu pudesse, pedia para ele nem passar por nós, ou pelo menos pra ele passar longe e desatento pra vida passar a ser suficiente. Igual a quando a gente ta junto e tudo, tudo, tudo tem cheiro e cor de infinito. Mas parece que a garganta engole o discurso e o inconsciente mina a lucidez. Desculpa se eu não consigo falar das coisas boas. Eu me ponho para fora é nesses estados tolos de dores eloquentes e desnecessárias. É que eu me armo com palavras idôneas, outras dissimuladas, para me expor da forma mais dilacerante possível. E torço para você não ver, para você não ler esses pensamentos desmesurados e desconcertantes. Para você não saber que a minha loucura é maior que o disfarce que me veste como normal aos olhos dos outros e até para você, que depois de tantos transtornos causados por mim, permanece convicto na ideia de dividir a casa quadrada comigo. Agora diz, como fazer pra não surtar quando os planos não saem como a gente imagina? Eu sou drástica, sou trágica, é verdade. Mas o que você não entende é que o que eu já perdi nessa vida me deixou a sensação de que se eu tiver de passar por tudo de novo, talvez eu não sobreviva. E eu preciso viver enquanto você estiver ao meu lado. Então agora você já deve imaginar qual é o meu medo, não? É o que estou sentindo agora pela minha boca ter calado o óbvio.

f.

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5 comentários:

  1. Temos a sorte (ou não) de calar aquilo é óbvio. Talvez seja melhor assim, deixar subentendido, mistério, disfarce...

    Lindo texto! Adorei esse trechinho aqui Igual a quando a gente ta junto e tudo, tudo, tudo tem cheiro e cor de infinito. *-*

    Beijo doce

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  2. Que lindo texto, e olha, amei a fotinha de pequena miss Sunshine *-*

    Estou seguindo aqui,
    bjs e ótima semana.
    Laila.

    www.escritoriando.blogspot.com

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  3. Lindo, lindo, lindo. Fico sempre sem palavras pros seus textos, fer, porque você escreve divinamente! Parabéns e que teus medos seja bobos o suficientes para nunca, nunca, de forma alguma tornarem-se reais. Boa sorte.

    Obs, reabri o blog http://denovomaisumavez.blogspot.com.br/ caso queira saber. rs ♥

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  4. Acho que meu primeiro comentário não foi, que droga.
    Lindo, lindo e lindo. Fico sempre boquiaberta com seus textos, fe. A gente sempre esquece de dizer o principal, né?
    Adorei esse comecinho principalmente "Eu bem sei que a sua alma livre não se prende a certos padrões de posse, mas, às vezes, essa tentativa de monopólio é a única coisa que me resta para me fazer sentir segura quando você insiste em permanecer longe." porque foi muito a minha história, entende? rss

    obs, reabri o blog essa semana http://denovomaisumavez.blogspot.com.br/ e vou voltar a postar aos poucos. bjs ♥

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