2 de jan. de 2012

Doce-amargo


Logo você vai notar as palavras mornas, a mão solta e o corpo alheio. E mais depressa ainda vai lembrar-se dos pequenos desatinos e dos ternos segredos confessados dentro do quarto que agora permanece de portas e janelas escancaradas e interior vazio. E vai perceber também o coração inóspito, a voz soturna e a pele arrefecida pelo distanciamento. E vai querer entender esse caminho tão contra-intuitivo que se projetou a sua frente e passou a ser o seu chão. Você vai trazer à tona
as músicas,
a meia luz,
os pés embaralhados,
os bilhetes,
os suspiros,
a saudade,
a urgência,
o calor,
as provocações,
as palavras bonitas,
o sossego,
a certeza,
 a felicidade.
Você vai cobrar respostas, carinhos e promessas. E vai estar confuso diante da omissão dessa garganta convenientemente rouca quando indagada sobre o paradeiro daquele sentimento onde se costumava morar. É que ela quase não recorda esses suaves retratos envelhecidos, desbotados e só pode acusar a vida, o acaso, o tempo...
Sei lá.
Estou tão perdida quanto você.

f.

1 de jan. de 2012

Poemeto do não-amor


Por que não
Ir na contra-mão
Calar o refrão
Perder a razão
Trocar a direção
Tentar a exceção
Preferir a paixão

E afastar a solidão
?

f.

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