29 de dez. de 2011

12.12.2011

Ela elegeu um dia para ser livre, ousada e feliz. Nunca esperou tanto por que uma segunda-feira chegasse e nunca desejou tanto que uma segunda-feira não atingisse o fim. Acordou cedo, pois tinha que aproveitar cada minuto. Arrumou a pequena mala de mão e saiu com o seu destino desenhado em pequenos lotes de esperança. Passara dias ponderando os prós e contras, o que poderia acontecer de bom e o que poderia dar errado. E resolveu ser otimista, trabalhar o lado positivo das probabilidades. Cada segundo de espera naquele carro diminuía a extensão da saudade que sentia, porém aumentava ainda mais as expectativas que conservava desde a sua decisão. Uma decisão omissa que tornava tudo mais especial, no entanto. Contava pouco mais de 20 anos que não utilizava tanto da sua coragem. Uma vida inteira, pensou. Chegou a apreciar o verde sublime do oceano que não via há tempos, mas mergulhou mesmo foi nos olhos negros da paixão e do desejo. E o resto virou resto porque só havia dois corações no mundo e as  promessas mais sinceras. O sol, afinal, brilhava só para eles. E todas aquelas brincadeiras embaixo do lençol e a conversa desafetada depois do amor, ela guardaria para si como a melhor loucura da sua vida. Já nem lembrava mais como era caminhar de mãos dadas num fim de tarde. Sem problemas ou preocupações, eles se reconheciam mais através de cada passo e faziam coisas pequenas que, posteriormente, se tornariam imensas de significado. Aquela cumplicidade de estar tão longe de casa só aumentava o sentimento de pertencer um ao outro, porque a vontade de ficar era tanta. E sentiu o vento salgado bater em seu rosto enquanto admirava os brilhos enigmáticos do horizonte líquido. Mas nada se comparava ao fato de ter com quem dividir cada um desses instantes. Era o que importava no final, eles poderiam fazer nada juntos e ainda valeria cada porção de tempo investido. Quanto à despedida, ela achou melhor não tocar no assunto. Despedidas são sempre cruéis e torturantes e estamos falando aqui de loucuras memoráveis... Ouvi dizer que o caminho de volta pareceu mais longo, mas ela não quis reclamar por estar regressando, só agradeceu pela oportunidade de compensar tantos dias triviais com um perfeito. Foi como ser acordada no ápice de um sonho, entre uma dose de rotina e outra, entretanto, ela já teria uma história para contar sobre quando decidiu se apaixonar, mesmo que por um dia. Que venham mais segundas!

f.

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